terça-feira, 28 de janeiro de 2020




Há pouco batia o sol na janela do quarto e levantei-me deste repouso temporário para o apreciar a tocar-me directamente no rosto. No telemóvel coloquei uma musica a fazer de banda sonora a estar oferenda divina e deixei-me embalar e balançar movida por estas duas energias, a do sol e a da musica. Ainda assim o peito respirava descompassado da serenidade que este momento reclamava. Intuitivamente iniciei um exercício de respiração apreendido noutros tempos e permaneci de olhos fechados até ao inicio da musica seguinte. Quando voltei a abrir os olhos vi bolas de sabão a voarem junto da minha janela. Vinham de onde não conseguia alcançar a sua origem e apesar da curiosidade resolvi permanecer sem saber e ficar somente a vê-las passarem ao som de mais um kirtan. Surgiam espaçadamente ao sabor do vento, refletindo brilhos do mesmo que me continuava a aquecer o rosto e alma com este enquadramento.
As bolas de sabão têm tanto de bonitas como de efêmeras, gosto tanto delas que tenho em casa um daqueles frasquinhos para as fazer sempre que me apetece, mas estas estavam a ser-me oferecidas, o que tornou a sua leveza e o seu fluir ainda mais mágicos, de uma magia semelhante a que acontece quando podemos ser transparentes e frágeis, como bolas de sabão.


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