Há um ano começava assim o dia. A partir de Braga de seta amarela em seta amarela a concretizar esse desejo de me pôr a caminho. A confiança nas pernas foi atraiçoada pelas dores e bolhas nos pés. Doíam-me até a alma. Sete dias sempre em dor, tudo latejava mesmo quando parava. Os tempos de descanso não foram inspiradores dessa introspecção romanticamente, antes uma meditação focada em encontrar a posição mais confortável para recuperar para o dia seguinte. Ficar quieta a observar os outros, aprender desta observação, por partilha em alguns momentos convívio e outras partilhar com o olhar ou o sorriso o respeito pelo caminho e bolhas de cada um.
Vivo numa cidade que faz parte de um caminho e hoje, quase um mês depois de ter outra rotina pela manhã, sendo pouco mais de sete horas da manhã encontrei três peregrinos de Santiago. Deu-me aquele aperto, e com os minutos contados para apanhar o comboio desejei-lhes no silêncio das lagrimas "Bom Caminho". Com ou sem pedras, com ou sem bolhas, por etapas chegar a cada destino e conquistar no destino maior este espaço no peito que pertence a cada um e que nos conecta para sempre a todos. Revermo-nos na importância de Ser(mos).
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