domingo, 26 de fevereiro de 2017



Não foi um sonho tornado realidade, mas foram vários sonhos tornados realidade. Um por cada ano em que vi os Caretos de Podence na televisão. Imaginava-me a vê-los passar enquanto me esconderia da vergonha de ser chocalhada.
Depois de sair de casa para ver as amendoeiras em flor, sem saber como, talvez em jeito de poção mágica, juntando  argumentos, acrescentado soluções e alternativas, chegamos a tempo da Queima do Entrudo em Macedo de Cavaleiros, com os Caretos a lançar fogo ao Tinhoso às ordens das rezas do Padre Fontes. À mistura as bruxas ajudaram a mexer a poção do caldeirão e plimm! eu não tardaria a ser chocalhada!
São como os tinha imaginado, endiabrados. E são como não os tinha imaginado, simpáticos. Feitos de uma máscara de lata, de uma lã dançante e de uns chocalhos ruidosos, tudo o que chega para os carregar de um carisma que alegra todos à sua passagem e quando digo todos, digo os muito que se juntam para os ver e os quando digo muitos, digo diferentes.
É como se a alma de um Careto encerrasse em si um pouco da alma de muitos de nós.




As mascaras e as vestes escondem homens de verdade e na verdade são também e tão bem Caretos a perpetuar a tradição do carnaval Podence, mesmo quando paravam para as inúmeras selfies que homens e mulheres queriam tirar com eles.
Caretos à noite em Macedo e depois Caretos de dia em Podence. Fui feliz de participar na festa  de os ver avançar ao longo da rua da aldeia, tal como não a imaginei, cheia de pessoas,  cheia de raparigas mais destemidas,  ou mais livres, livres de se divertirem com eles, assim como eu que não me escondi e lá fui alvo dos chocalhos uma e outra vez.












O carnaval Podence é agora uma memória muito feliz de como o Careto pula e avança sempre que os homens que neles vivem… sonham.


sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017




hoje o mundo do corrida e do trail acordou triste. A alegria das conquistas, dos desafios superados, da inspiração que a Analice era para muitos, é questionada. Multiplicam-se os elogios a esta senhora e o pesar por este desfecho repentino no seu percurso inspirador, e cada um guarda para si a inquietação de ver a (tal) saúde e força inquestionável que a movia a ser abalroada desta forma por uma doença sem condescendência pela energia que rodeava, uma pessoa acarinhada por tantos e que levava a vida a fazer o que mais gostava, correr e com isso sorria muito.
Sempre que faço a minha subida preferida, quase sempre no mesmo sitio (junto à fonte, rodeada de verde) vêm-me à cabeça os mesmos pensamentos: o prazer da corrida sem objectivos e o desejo de ter sempre capacidade para o fazer, assim como aquela senhora já "velhota", depois faço a curva e embrenho-me noutros pensamentos quaisquer e nunca mais penso nisso ou nela. A vida é um lugar estranho...

Analice Fernandes da Silva aqui


Who gave us this crazy idea
that we should know how to live?
Does a tree know how to grow?
Does a cloud know how to float?
Does the wind know where it is blowing?
Does a road know it is going somewhere?
Don’t know how to live,
just recognise that you are life and life just is.

~ Mooji


domingo, 19 de fevereiro de 2017