Das ruelas da Aldeia das Dez entrilhamos pela calçada romana
até ao Vale Maceira por entre o verde da vegetação. E viçosa que ela estava
pelas chuvadas dos últimos dias para nos receber neste dia soalheiro. Aqueci a
alma com a paisagem, com a serpenteante subida ao Santuário da Nossa Senhora
das Preces e por fim, com as chamas do Magusto que já nos aguardava. Estava já
sentada a descansar de hora e meia de caminhada, a observar as pessoas e a
festa quando uma senhora olha para mim e pergunta:
“Gosta de castanhas meneína?”
“Gosto, mas parece que…”
“Mas não quer sujar as unhas…”
Ri-me e continuei entretida a ver as pessoas da organização
a prepararem mais uma fogueira, enquanto os demais conversavam e esperavam mais
uma mão cheia de castanhas assadas que haviam de escolher por entre as brasas.
O G. andava ali pelo meio a registar o momento e não tardaria a chegar com o
nosso quinhão.
Vimos mais fogueiras a arder e castanhas a desaparecer,
ouvimos a banda improvisada já animada a animar a festa e tive pena que a outra
senhora já não estivesse ali para ver as minhas mãos cheias de escarvunça.
Para a Aldeia da Dez regressamos à boleia da generosidade
quem nem percebe muito bem a graça que vemos em sair da nossa longínqua casa
para passar um dia assim, assim, quente e bom como as castanhas que comemos!
Aldeia das Dez || Magusto da Nossa Senhora das Preces