domingo, 31 de julho de 2016

Entre os inesperados (bons) da vida, há os esperados e desejados. O Piodão, foi um desses. Imaginei-o tantas vezes na forma de um trail, que correria no verde para chegar à paleta de xisto. Adiei para um ano, depois para outro e mais outro. Adiei para lá chegar este fim de semana. As curvas e contra-curvas da serra do Açor começam a tornar-se familiares à medida que as nossas incursões avançam nos seus meandros. Começar por desvendar a Foz D´Égua, na confluência de duas ribeiras converge também a nossa atenção para aquele enquadramento mais comum, mas a minha atenção não cessou também de se expandir à grandiosidade das encostas que se elevam ao céu, como se quisessem separar este detalhe do resto mundo. E é assim que eu o sinto, num mundo à parte, daquele em que eu própria vivo. Daqui para Arganil para descansar e ansiar a continuidade deste alheamento e fusão com as particularidades desta serra. E continuou pela manhã aproximando o pé da praia fluvial de Coja, e molhando-o de forma irreversível na Fraga da Pena. Perseguir as sucessivas cascatas, assistir à coragem de quem mergulha por mim nas àguas um-tudo-nada frescas. Regressar por outro trilho com vista singular para ambas as vertentes. O meu mundo comum fica mais pequeno comparado com aquilo que a minha vista alcança. Até que alcança novamente o Piodão, numa aproximação mais enamorada. As curvas permitem retardar aquilo que já sei ser uma certeza. O encontro. Ao subir o primeiro degrau, imagino-me uma anciã no esforço que faço para lembrar como seria em jovem. As portas e janelas trazem vizinhos e conversas à boca-pequena no intervalo da lavoura e dos lavoures. Encantador o Piodão. Descer novamente para a Foz D´Égua, e descer ainda mais um pouco às aguas num tímido mergulho. Não podia regressar sem experimentar como apesar de frias, são límpidas e de uma energia quase intocável que trazem do centro da terra. É com essa energia que voltamos a subir ao topo da cordilheira da Serra do Açor. A tal, que se torna familiar, neste mundo à parte, neste mundo onde já ganhei uma estima pela eólica  34. Porque no meio de tantas esta sopra-me sonhos que se tornam realidade.









terça-feira, 26 de julho de 2016



Na véspera de deixar de ter tempo para estas coisas, consegui levantar os pés do chão. Um shirsasana muito imperfeito, que me deu para rir e chorar de espanto.
Em vez de me beliscar para ter a certeza que era verdade, cheguei a casa e fiz mais uns quantos sozinha... e em 10 segundos (que é o tempo de tirar uma selfie-prova-do-acontecimento)...



segunda-feira, 25 de julho de 2016


Esta segunda-feira, durante um despertar lento, tive o seguinte pensamento: "Pronto acabaram-se as férias, tenho de regressar ao trabalho..."


São Bernardino || foto 3 do g.

a saber: 
Primeiro, não estive de férias
Segundo, fiz muitas coisas (boas) este fim de semana, incluindo as limpezas. 


domingo, 17 de julho de 2016


Ainda bem que não fechei a porta de casa sem antes voltar atrás para ir buscar um casaco. Nunca se sabe. Saímos para fugir ao calor e descemos no mapa 15 graus centígrados. Quando regressei tomei banho sobretudo para tirar o protector solar que havia colocado com antecedência. Dei por mim tão feliz porque tinha ido agasalhadinha para praia e por não ter nenhum escaldão que para a próxima até fiquei com vontade de levar mais uma sweat...






Praia de Cambelas || 1, 4, 5 fotos do g.


sábado, 16 de julho de 2016


Sábado de manhã... 


é o terceiro sábado que prolongo aqui



domingo, 10 de julho de 2016







Praia do Porto Dinheiro || 1,2,4 fotos do g.

"Qualquer viajante conhecerá esta verdade elementar: o mundo é simultaneamente demasiado grande e demasiado pequeno. Questão de escala." 

Carlos Vaz Marques in prefácio de Sibéria de Olivier Rolin


sexta-feira, 8 de julho de 2016



quando me sentei pensei "Agora já não saio daqui"... e efectivamente isso ficou perpetuado nesta foto!


quinta-feira, 7 de julho de 2016




campo || fotos do g.

"...o caminho para a unidade acontece quando tu aceitas a tua variedade..." a professora Marta Cóias

(pela expressão de toda a variedade que existe em ti começas a sentir-te mais uno)

domingo, 3 de julho de 2016



fotos da S.
Não há duas sem três (a um aqui, aqui e aqui e a dois)
Esta foi a minha terceira participação no Trail das Zagaias e a primeira prova deste ano. O termo “prova” nunca fez muito sentido para mim, especialmente tratando-se de trail. São sempre oportunidades de fazer trilhos em segurança, desfrutando de paisagens belíssimas e de estar em contacto com a natureza. Talvez porque agora me levem a fazê-lo num registo mais calmo com tempo para apreciar, deixei que se passem seis meses sem participar em qualquer prova de trail (estrada nem se fala, que não tenho qualquer motivação). Na sequência de nos termos divertido no ano passado, nesta mesma prova, resolvi desafiar a S. para participarmos novamente. Equipa que ganha não se mexe. Nos últimos seis meses corremos muito pouco comparativamente com a frequência de outros tempos e a 15 dias da prova fizemos o primeiro “treino” de dois em condições de piso parecidas. Quisemos ver como nos aguentaríamos a fazer 22km a partir de uma amostra de 10-12km. Fizemos um pacto de não ter expectativas (a não ser terminar a prova em 3 horas), de fazer a coisa nas calmas, que a ideia é sempre divertir-nos, garantindo que não correríamos na hora de maior calor e que chegaríamos a tempo para o almoço. Partimos para Mação com a descontração do costume e a razoável para quem dormiu mal e teve de despertar às 6h20 de um domingo. Chegando lá e conhecendo os cantos à casa, não demoramos a ir levantar os nossos dorsais e a preparar-nos com os cintos de hidratação para a manhã que se previa ser das mais quentes dos últimos dias. Dali seguimos no autocarro da organização para a Praia do Carvoeiro. Coincidência deste início de prova ser justamente onde o ano passado a terminámos. Fomos conhecer a praia antes de regressarmos a casa depois da prova. O autocarro de atletas circunscreveu as serras descendo (repito, descendo) da vila Mação, onde seria a chegada, até à praia. A minha repetição pressupõe uma conclusão do que nos esperava, não por estrada mas por trilho! Subir. Subir.
Começamos com o calor numa fasquia um pouco mais alta que o previsto e que foi aumentando até à nossa chegada . O calor deixa-me à beira do fanico e segui sempre a fazer gestão do meu esforço para ter a certeza que chegava sem ter sofrido muito, Mas para que é que eu me meto nisto?! Felizmente reconheci na resposta a esta pergunta a magia de não controlarmos a nossa vida e não sabermos o que vem a seguir. Reconhecesse isto com particular satisfação quando somos surpreendidos pelo “tão bom”. E o “tão bom” foi sempre que o calor aliviou pela passagem por trilhos de vegetação mais densa que nos fazia sombra. Foi sempre que apreciámos e usufruimos dos benefícios da aromaterapia pelas suaves essências de pinhal ou eucaliptal. Foi sempre que nos via rodeada de serras. Foi sempre que escutávamos o som da água a correr nas ribeiras. Foi “tão, tão bom” sempre que não perdemos a oportunidade de nos molharmos ou mergulharmos na água. E neste terceiro trail tirei a barriga de misérias de mergulhos nas ribeiras.
Na primeira a água mal nos tapava os artelhos mas isso não nos impediu de nos molharmos com a ajuda das mãos. Já a roupa havia secado quando mandavam as fitas que passássemos ao lado de uma ribeira de água de cor límpida formando como uma piscina. A S. sugeriu um mergulho e eu nem pensei duas vezes. Desviamo-nos do percurso e mergulhámos até ao pescoço. Antes de retomarmos o trilho, ainda em êxtase pela frescura que me tinha tomado, observei com o meu ar tolo os cinco simpáticos participantes que nos passaram à frente imperturbáveis pela piscina natural. Pensei, “mas só nós é que gostamos disto?, Ana, deixa-os passar e não os atrapalhes na pressa de pôr um pé à frente do outro até à meta!”. Daí a uns metros ainda recarregamos energia num abastecimento de água fresca, ou pelo menos mais fresca que o chá que levávamos à cintura. Tivemos ainda laranja, banana, batata frita e marmelada para recarregar energia. Voltamos a aquecer, a roupa secou parcialmente e aproveitando a passagem ao longo de uma ribeira, entre escorrega aqui e equilibra-te ali, por querer fomos novamente ao banho de água até ao pescoço. Seguimos por mais uns quilómetros e tal como antes, nem os calções, nem as sapatilhas estavam enxutas e nós a passar ao lado de um rio com um enorme espelho de água a sorrir-nos. Sendo nas proximidades de um abastecimento, informamo-nos onde seria mais seguro ir ao banho e aí fomos nós, entrar, mergulhar até ao pescoço e seguir adiante. Daí até à meta foi quase sempre a subir, quase sempre a andar e sempre com muito calor. As pernas fraquejaram, denunciaram a falta de treino, visto que às vezes até queria correr mas parecia que tinha músculos de madeira.
Três horas e vinte cinco minutos depois da partida chegámos à meta. Ou melhor à primeira meta, pois para mim há claramente uma segunda, que é o almoço incluído no evento. Um almoço para todos os atletas, numa barraquinha da feira da Mostra de Mação. Para isso fomos primeiro ao banho, de chuveiro, onde a pressa também não nos tocou. Um agradecimento às pessoas que tomando conta dos balneários, permaneceram à espera que saíssemos para fechar os mesmos. Depois foi a passo tranquilo que chegamos ao recinto da feira. Gosto muito deste momento. Sabe bem pelo ambiente, pelo espaço, pela comida e pela simpatia de quem nos serve garantido que não nos falta nada. Chegámos, já estavam todos no prato principal. Mas o “tão bom” continuou a fazer das suas. Encontrámos dois lugares lado a lado numa mesa e um responsável da organização garantiu que também ali experimentássemos tudo como se tivéssemos chegado a horas. Começamos pela tábua de finas fatias de enchidos e produção local. Arrisco-me a dizer que é o único dia do ano em que como isto com satisfação. Acompanhado de pão caseiro de trigo e ou de milho e uma imperial é com certeza o momento em que atravessei a segunda meta. Dali para frente provei a sopa, passei ao prato principal, sempre delicioso, com fartura de tudo e onde até gosto do serviço de loiça que confere ainda um ambiente mais castiço e caseiro à festa. Pelo terceiro ano seguido é também o primeiro dia de comer melancia fresca e boa à sobremesa. Um conjunto de mimos que acresce ainda mais a certeza que esta prova é uma experiencia a não perder.
Obrigada à S. mais uma vez pelo companheirismo e amizade e aquela dose de loucura qb que a faz alinhar comigo, esperar por mim e ainda fazer-me acreditar que para o ano “nós lá”!
É com a distribuição dos prémios que acaba a festa. Diz-se à boca pequena que ganhámos o de quem mais se divertiu. Diz a S. que disso não haja duvida. Eu só digo uma coisa…

“tão bom”…

fotos de AC