domingo, 23 de novembro de 2014







Ontem vi a Alice... mas podia começar dizendo que "há poucos dias lembrei-me da Alice".
A Alice é daquelas pessoas que fazem parte da nossa vida por um longo tempo e depois deixamos de ver e sobre as quais não fazemos a minima ideia do que aconteceu. E quando nos lembramos delas tudo o que temos são boas recordações. A Alice era a senhora da livraria/papelaria onde comprei a mala para a escola primária, a mala para a preparatória e a mala do inicio da secundária, onde mandava guardar os livros escolares, onde comprava o papel para os forrar, os cadernos, os dossiers e as canetas, onde eram comprados os brinquedos de Natal. Onde eu passava horas agachada a olhar para as vitrines e a sonhar. Onde descia o degrau para o patamar inferior e  fixava o colorido das lombadas dos livros ou as caixas de jogos em cartão. Onde todos os anos admirava a montra das barriguitas e não morria de amores pela boneca Darling com os seus pés chatos. Onde na arrecadação havia um canto de uma prateleira de ferro que tinha uma etiqueta que dizia "Rosa" e onde se guardava aquilo que levaríamos mais tarde, .... como as prendas de natal, as dos outros e as minhas, aquelas que eu escolhia e depois ficavam lá à minha espera até eu as puder abrir na noite em que se transformavam nos meus meninos Jesus... onde um dia, arrojadamente, decidi comprar o estojo das canetas, que ainda trago comigo, com 600$00 do meu mealheiro. A Alice, que era amiga da cliente, da minha mãe, e que me emprestou a máquina fotográfica para levar à viagem da República Checa e logo depois à viagem de finalistas a Albufeira do 12º ano. A Alice da Livraria/Papelaria Progresso que fechou há muito e sobre quem eu nunca mais falei e não tinha a quem perguntar. Se há dias me perguntava o que seria feito dela, ontem vi-a a poucos metros de onde passamos tantas horas juntas e num impulso dirigi-me a ela e disse-lhe: Olá..., não me está a conhecer?...


Sem comentários: