o céu estava branco, as arvores no horizonte pareciam sombras chinesas e o sol despertava por cima das suas copas contrastando na sua silhueta laranja fogo. Havia um leve esfumaçado branco sobre a restante vegetação, um nevoeiro que se sentia sobretudo nas minhas mãos que teimavam em manter-se frias pelo que tive necessidade que as abrir e fechar várias vezes para ver se aqueciam. Foi assim que eu e a P. madrugamos a correr na estrada do campo.
A meio do regresso já os olhos vinham semi-serrados pela luminosidade radiante que nos envolvia. O treino valeu 26km duros, pois a P. à semelhança da V. tem uma passada larga e gosta de puxar. Felizmente recuperei rapidamente daquele cansaço e a manhã que recomeçou às 9h30 voou entre combinações para o almoço e dois convites para passar a tarde na piscina.
Tal como uma criança, queria era despachar o almoço com qualquer coisa leve para garantir uma tarde dentro de água. Não foi qualquer coisa, foi convívio e comidinha boa. Depois foi juntar tudo numa só piscina, aquela com uma linda vista para a lezíria e cochilar um bocadinho na espreguiçadeira deixando a digestão fazer o seu trabalho. Para potenciar a resiliência do corpo e alma do dia quente e esforçado vieram os mergulhos. Mais uma vez na companhia da P., da amiga-de-ultima-hora G. e outros. A G. não tarda a estar a 1700km de distância, já sinto saudades, sobretudo da leveza e seriedade das conversas desprovidas de tantos artefactos inúteis. Coração e razão misturam-se numa harmonia boa e viciante e difícil de encontrar. Mas da experiência de saber que existe, e com jeito, retira-se o alento que é preciso para continuar, afinal, permanecemos-sempre-por-aqui.
Chegado o momento de dar mais espaço às saudades dos outros e para não sair de cena de qualquer maneira, desci do planalto a todo gás para a casa da avó Maria... e com a precisão daqueles que batem à porta na hora da refeição, foi só puxar de mais um prato e saborear a bela jardineira e a frutinha madura. A avó também tem convites e tava programado um tête-à-tête na varanda da prima Olímpia e do primo Reinaldo. Colei-me, pois estava a apetecer-me participar e claro com a novidade da minha presença monopolizei os diálogos. Eles gostam da lufada de ar fresco, de ver os aviões a piscar nas suas trajetórias estratosféricas, de relembrar, de partilhar, de ensinar e eu gosto deles. Antes do regresso a casa, mais uma pausa na cozinha da avó que sugeriu um geladinho... aliás, o segundo do meu dia, o primeiro foi o silver com marc de champagne da magnum que é uma delícia...
já no sossego de casa e de pijama, não posso dizer que o dia não me tenha continuado a mimar com conversa e desafios... até finalmente render-me ao peso das pálpebras.
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