segunda-feira, 30 de junho de 2014



Depois de uma manhã relativamente calma e da casa arrumada, puxei os fechos da mochila e do trolley e rumei a Peniche, para a minha 2ª Corrida das Fogueiras. À semelhança do ano passado decidi pernoitar por lá no parque de campismo e aproveitar a viagem para dar mais alguma volta.
Ao sair de casa chovia e temi pela minha decisão de acampar, contudo também já não seria a primeira vez que o faria em condições mais adversas. Quando me aproximei do destino esqueci-me de todos estes pensamentos, pois apesar do vento forte, estava sol. Se há coisa que eu acho graça cronometrar, bem mais do que as minhas corridas, é o tempo que demoro a montar o iglo, em 10 min despachei a tarefa e fui procurar se já tinha chegado mais alguém da equipa SNR. Optei por não ir de carro fazer o percurso da corrida, ficando apenas com o que tinha na memória, pois podia começar logo ali a pensar para-que-me-meto-eu-nestas-coisas?!... estranhamente as horas passaram devagar e entre conversas, vento forte, receber o dorsal, preparar e seguir para o ponto de encontro de todos, tudo se sucedeu calmamente. A partir daqui a minha unica preocupação eram as dores que me dão no inicio das corridas e que podem impossibilitar-me de manter o ritmo ou até fazer-me parar. Para evitar que isso acontecesse, fui correr antes mas foi insuficiente, porque nem sombras da dor (na semana anterior apareceu todos os dias que corri). Fomos cedo para a partida, aglomeramo-nos (equipa) no inicio entre os mais rápidos. Às tantas dei em ficar assustada quando um deles se vira para mim e diz que ali tinha de partir a toda a velocidade senão sujeitava-me a levar empurrões por quem me quisesse ultrapassar... e já só me via a ser abalroada... 
Nada disso, foi uma partida limpinha, é verdade que a velocidade é muita mas ao mesmo tempo também há espaço e corri e fui ultrapassada sem tropeços. Entretanto e porque uma pessoa se entusiasma com aquela velocidade só temia a minha dor e eis que 2 km depois ela começa a dar sinal. Sabendo eu que, se não abrandar ela não se vai embora, tentei desacelerar mas não tinha a certeza que era o suficiente. Lembrei-me de contar até 100 e se entretanto ela aumentasse, eu-estava-feita, se ela se mantivesse, havia-esperança. Esta foi também uma forma de dispersar o meu pensamento e desconcentrar-me da problemática... 1, 2, 3,..., 99, 100. Não aumentara mas ainda lá estava... ok, vou começar novamente, 1, 2, 3,..., 50, e estava a desaparecer. À medida que isso acontece sei que fico mais confiante a por os pés no chão e isso deve reflectir-se na velocidade. 
A subida para o Cabo Carvoeiro é uma subida no escuro e logo cansativa a dobrar. Correr na escuridão é um desafio paralelo, pelo que resolvi orientar-me pelo reflexo que resultava do meio da estrada. Julguei recordar-me que junto a este havia menos irregularidades no asfalto. Entretanto fui passando pelas fogueiras que alumiam alguns troços do caminho dando uma imagem bonita da prova. Contudo não sou muito fã quando está vento, não gosto de passar entre as fagulhas, sinto mesmo medo pelo que acelerava sempre que passava junto de uma fogueira. O vento estava forte, às vezes sentia-me a ser empurrada para frente, para trás, para a esquerda, cheguei a pensar "ai vou voar!". Da sinalização dos 9 km até aos 10 km pareceu-me uma eternidade mas fiquei muito satisfeita quando vi no cronometro estrategicamente posicionado que ao decimo km tinha feito menos 3 minutos que no ano anterior. iuuuuupi!!!. Só por isto, já tinha valido a pena. 
É verdade, depois da dor desaparecer resolvi continuar a fazer contagens até 100, de alguma forma aquilo ajudava-me a passar o tempo...
Depois dos 11 km estava convencida que era sempre a descer, e afinal era desce e sobe e desce e sobe... Foi aqui, que mais me ajudou aquilo que é uma grande característica desta prova, a quantidade enorme de pessoas que assistem e torcem por nós ao longo do caminho. Sempre com frases de incentivo. Há os incansáveis a bater palmas, há aquelas que incentivam só as mulheres e até as contam, há as crianças a esticar os bracitos com a mão aberta para que os corredores lhe deem mais-cinco, há as meninas que se surpreendem com mais uma "menina" que lá vem, há uns a bater com as panelas ou as tampas, há mesmo muito incentivo e é com lágrimas nos olhos que o escrevo, porque aquela força resulta mesmo. Naquele sobe e desce, soube mesmo bem escutar "agora é sempre a descer", bati nas mãos de umas meninas e confiei que não tardaria atravessar a meta. Continuava a contar até 100 e foi na recta da meta onde ainda se ultrapassa e é ultrapassado que cheguei a uns dos muitos 100 e terminei a prova com um tempo inferior ao ano passado, sem qualquer mazela e um sorriso de orelha a orelha.
Depois de um bom banho relâmpago no parque de campismo, juntei-me aos restantes elementos da equipa para o tradicional pic-nic depois da prova. Aos objectivos pessoais que todos tínhamos à partida, juntasse o objectivo colectivo SNR de nos reencontramos todos bem, cheios de fome e sede para confraternizar mais um pouco e rir de contentamento.

e agora os resultados :)
35ª Corrida da Fogueiras - Peniche
                       2013              2014
geral               1254º          901º/2283
escalão/F         27º                14º
tempo 10km  00:53:33       00:50:22
tempo 15km  01:19:35       01:16:01


2 comentários:

Filipe Torres disse...

Ok, já aprendi, para o ano vou para lá uma hora mais cedo ehehe Nunca tinha pensado nesse método de contar até 100! Muito boa ideia. Eu também tenho algumas estratégias para me abstrair das dores, mas não são muito eficazes, tenho que experimentar essa. Parabéns pelo excelente tempo. E parabéns ao resto do pessoal dos SNR também. Tenho que me decidir a ir treinar um dia convosco (sou de Almeirim).

Ana Fernandes disse...

Obrigada! É só parecer às 4ªF, a sede SNR tem as portas abertas, serás bem-vindo!