domingo, 28 de dezembro de 2014


uma recta é compreendida por um conjunto infinito de pontos... 
Havia um ponto de partida e um ponto de chegada e cada metro que avançamos era para mim um destino. Claro que isto à velocidade a que pode andar um carro acontece de forma muito rápida, mas a infinita capacidade de adaptação dos sentidos apura-se e tudo acaba por acontecer de forma tão lenta e prazerosa que perdemos completamente a noção do tempo. Houve pontos intermédios feitos daquele sol de inverno que nos trespassa as sucessivas camadas de roupa para aquecer a superfície da pele, pontos de uma paisagem adocicada por essa cor de mel que contemplamos de olhos semicerrados.
Ao miradouro sobre as Portas de Rodão chegamos pouco antes do pôr-do-sol e começamos logo ali a contemplar e registar na mira da objectiva estas primeiras escarpas escavadas pela passagem do Tejo. Palavras como imensidão e grandiosidade passariam a integrar o nosso imaginário de forma mais realista. No centro da ponte o vento frio denunciava o inverno mas não intimidou quem como nós quer ver mais um pouco de outra perspectiva.
A noite chegou e com ela o segundo destino, Idanha-a-Nova que viria a ser o ponto central desta trajetória, aquele a que sempre regressamos para descansar e preparar o dia seguinte. Libertar mais um pouco para o universo as incertezas e receber a tranquilidade que daí advém. O jantar num cantinho intimista e simpático com a simpatia acrescida de quem nos acompanha é uma espécie de culminar cinematográfico, que se repetiria em muitas passagens deste fim-de-semana realizado por instinto.
Começar o dia seguinte acima de uma nuvem cerrada de nevoeiro que nos envolve nesse efeito de algodão, que bem podia ser doce, pela forma que nos mima os sentidos.
A aproximação a Monsanto é de uma ingenuidade tão grande como o arrebatamento que sentimos quando finalmente chegamos pelo próprio pé ao castelo. Foi entre descobertas várias que subimos devagarinho pelas ruas estreitas, encantando-nos com os pormenores desordenados de uma aldeia que cresceu por entre os afloramentos graníticos. Soa-me bem chama-los de afloramentos ao invés de rochas retirando-lhe a dureza, rudeza e o peso que não têm na paisagem. É mais um percurso para fazer sem pressas para apreciar isso mesmo, a manifestação geológica da natureza perante a civilização. À medida que vamos descobrindo o topo do castelo também nós crescemos com a envolvente paisagística que sendo imensa se redime a estes gigantes de natureza mineral. Contemplar é a palavra que nos faz sonhar a ficar ali para sempre, e é certo que para sempre deixei lá a pairar um pouco da felicidade que experimentei. Como em tantas outras ocasiões a hora de virar as costas não é fácil mas fingimos que somos anjos e portanto, não temos costas e seguimos disfarçadamente a descobrir outros pormenores que nos vão fazendo seguir o nosso caminho por entre o inevitável. Parar para almoçar com vista para a imensidão preenche-nos de uma maneira geral, ainda adocicada de um licor de mirtilo e outro de tangerina e mel.
Saí de Monsanto com uma Marafona na mão e a alma encantada por esta aldeia que há muito sonhava visitar sem ter a mínima noção da grandiosidade que me esperava. Esta foi a boneca que pedi ao pai natal e parece que me portei muito bem este ano, muito bem mesmo.
Deslizamos mais um pouco na planície até Penha Garcia e depois de Monsanto desconfia-se que nada mais nos poderá surpreender tanto e como quem não quer a coisa, espreitamos para lá do muro de trás da igreja e voltamos a ser surpreendidos. Mais escarpas que se escondem por detrás da barragem. Agora tudo o que temos de fazer é olhar para baixo e descer. Nestes dias curtos fizemo-lo um pouco mais depressa do que desejaríamos pois aquele vale fugia da incidência do sol a cada minuto. Entre fósseis e tentativas de fixar na memória aquilo que uma máquina já não tinha capacidade de fazer, chegámos aos moinhos e a gentileza do Sr. Domingos ainda nos abriu a porta do moinho para ver a mó a rodar e levou-nos até à casa dos fosseis que os flashes iluminaram. Restámos nós e o anoitecer e saímos dali a passo rápido com a pouca luminosidade que restava no céu. Regressar a lamentar o pouco tempo que tivemos para apreciar aquele vale encantado e passar novamente ao lado de Monsanto para essa visão mítica da aldeia iluminada lá no alto.
Na casa improvisada, improvisar o jantar enquanto se acerta as voltas do dia seguinte.
Acordar lentamente para a Falha de Ponsul, em mais uma escadaria que esconde uma paisagem de contrastes hipnotizantes na manhã do dia que não queremos que acabe. Desviar para a Barragem Carmona para admirar esse espelho de água onde o céu se estende e nos deixarmos levar nessa troca de lugares na dança da brisa suave que ali passa. Seguimos para Idanha-a-Velha, a qual é demasiado pequena para nos perdermos mas com pormenores vários para retermos a atenção. Senti em qualquer das aldeias falta das gentes que as povoam, os portais sem as velhinhas a apanhar sol ou a costurar mais marafonas ou os velhotes a conduzirem as cabras e as ovelhas aos currais comunitários. As molas coloridas nos estendais contrastam com a desertificação e silêncio das ruas. Paramos mais tempo junto de um ribeiro que passa ao lado da muralha. O som da água a cair em cascata por entre as pedras acalma-me e aviva a paisagem de um movimento gravítico que nos leva com a corrente para outro lugar mais adiante.
Ao homem do Gps agradecemos o caminho que nos indicou para voltar a Monsanto. Regressar por uma estrada deserta com o monte de frente para nós pelo lado descivilizado. Parar e contemplar tanto quanto possível pois havia que continuar e às tantas a fome já não se compadece com a paisagem. Brindar a nós pela sorte que temos de estar ali e então subir mais um pouco a pé por entre os penedos gigantes dos quais já sentia saudade. Tirar mais umas fotos para reter a felicidade que por lá transformei em energia para os dias que vêm.
Na recta final, de mais pontos, em muito semelhantes aos que ali nos conduziram, menos expectantes das incertezas, mais seguros sobre as horas bem passadas por entre paisagens deslumbrantes no nosso território, cheguei novamente de mãos dadas com a vida que continuo a querer descobrir…


sábado, 27 de dezembro de 2014

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014



é um post sobre percorrer caminhos novos...

o tempo parou na hora exacta em que coloquei a bagagem na mala do carro. o final do ano acelera o coração entre a ânsia do que ainda vamos a tempo de fazer e a expectativa do que projectamos deixar para "um depois". nesse tempo de ficar ali entre uma coisa e outra, fui concretizar o desejo de não protelar mais o mesmo, que parece ter sido sido surrado a um ouvido que na incerteza, quer o mesmo que eu, ser feliz... e fomos...



sexta-feira, 19 de dezembro de 2014




Enquanto me equipava fazia uma autoanalise para tentar traçar o perfil desta "eu" que se vestia em frente ao aquecimento para depois sair pela noite fria para um assalto às encostas de Santarém. Três camisolas...check, as calças reforçadas... check, um par de luvas... check, buff...check e the last but not least o frontal/lanterna...check. Depois dos cumprimentos da praxe, do aquecimento e de indicações gerais foi dada a partida e começamos logo ali a descer a primeira encosta e a dispersar do colectivo que abraçara a mesma aventura. Segui na companhia de 6 amigos com quem contava atravessar a meta (SV LC SA SF e LF). Confesso que trail nocturno não é coisa que me atraía, pois se o que eu gosto é mesmo de apreciar a paisagem o escuro da noite atrapalha um tudo-nada. Não deixando de ver a beleza quando vislumbrei no horizonte a iluminação ponteada das localidades circundantes, bem como as muralhas da nossa própria cidade e a ponte sobre o Tejo, vista de uma perspectiva de um conjunto de emoções que nos atravessam enquanto corremos um dos socalcos de cimento da colina que nos levaria a uma escada de ferro embutida na parede. Arriscamos subir por essa escada em deterioramento de uns metros de trilho alternativo que pouca emoção nos imprimiriam no estado de alma. Ainda não refeitas as pernas tremulas das escadas e já uma corda nos esperava para treparmos por ali acima. Num exercício de coordenação e força de braços e pernas e vários ai-jesus-se-isto-se-parte lá fomos sorrindo nervosamente até continuarmos sem mais ajudas, apenas com a força de vontade que nos leva a divertir com estas situações. Entre conversas várias, risos e certificarmo-nos que não estava a ficar ninguém para trás conquistamos a cidade entrando pelas portas principais, as Portas de Sol, que estavam abertas em forma de boas vindas a todos os que vieram por bem. Muralhas circunscritas sob as ordens de uns soldados dos tempos modernos que nos escoltaram boa parte do restante caminho (F, AC, MS). Descer novamente pelo caminho de Santiago, enquanto combinávamos um dias destes nos fazermos à estrada até à Galiza e quem sabe mesmo a partir dali. A LC, não foi de modas e para evitar as escorregadelas foi saltitando descalça por entre as pedras húmidas. Cada um com a sua técnica. Seguiu-se uma subida por caminhos pavimentados, alguns dos quais nunca tinha feito a pé e já novamente em alta para o topo foi só galgar mais de 100 degraus. Dali fomos para a Escola Prática de Cavalaria atravessando para lá de tudo o que nos era já conhecido, entramos pela mata do campo de treinos há muito desactivada, transportando-nos numa nostalgia para memórias que não temos mas que ainda transpiram por ali. Voltamos a descer para mais adiante recomeçarmos novamente num sobe e desce e sobe e desce que nos levaria ao local de partida. Entretanto dos 6 iniciais chegamos 3. As baixas foram por dores, mal-estar e companheirismo mas no final para o convivio lá nos reencontramos todos/as com os demais amigos. Deste assalto resultou um valente roubo de 2h30 à minha vida em riso e boa disposição, pelos trilhos das encostas de Santarém, que não tem preço!!


quinta-feira, 18 de dezembro de 2014



este é um post sobre generosidade, dessa que se entranha no tempo, que se vícia a arremessar à adversidade, que por iniciativa própria ou de ricochete nos atinge... e nos faz acreditar que não vale a pena outra forma de ser ... 

casca de noz em infusão... e a ensinar sobre o esperar...


terça-feira, 16 de dezembro de 2014



e quando "do nada" recebemos um mail a perguntar se queremos falar um pouco sobre a corrida e o resultado final é o privilégio de ter uma recordação para a vida, isso é fruto do trabalho de uma equipa de profissionais (Olho Azul). Obrigada!!

ver o meu episódio do RTP Running aqui 
:)


segunda-feira, 15 de dezembro de 2014




real 
(latim medieval realis-ede resreicoisa)

adjetivo de dois gêneros
1. Que existe de fato = .EFETIVOVERDADEIRO
2. Que tem existência físicapalpável = CONCRETO
3. Que é relativo a fatos ou acontecimentos = FACTUAL
4. Que contém a verdade = GENUÍNOVERDADEIRO
...

"real", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa



sábado, 13 de dezembro de 2014



1. Chá de camomila


"Com este espirito e apenas com o peso de uma mochila às costas e um saco na mão, saí de Turtle House uma manhã e parti para uma longa viagem, uma das mais longas e mais lentas da minha vida, aquela que eu queria que me desse maior lazer: Banguecoque-Florença. O meu destino era o Ocidente, mas tive de começar por me dirigir para oriente. Uma vez que era impossível atravessar a Birmânia na direcção da Índia, o modo mais seguro de sair da Tailândia era entrar no Camboja, prosseguir para o Vietname, depois China, Mongólia, Sibéria e sempre por aí a fora até casa. «Até mesmo uma viagem de dez mil léguas começa por um pequeno passo», dizem os chineses, que para cada situação têm sempre um proverbio pronto para explicar tudo."

in "Disse-me um adivinho" de Tiziano Terzani


quarta-feira, 10 de dezembro de 2014




e quando da escassez passamos para a abundância corremos o risco de querer guardar tudo para depois... 
havendo qualquer coisa que me inquieta nisto reformulo para: e quando da escassez passamos para a abundância corremos o risco de querer guardar tudo... e a inquietação permanece e tento: e quando da escassez passamos para a abundância assumo o risco de não guardar nada mas ver e agradecer tudo o que passa, mesmo que me escape entre os dedos 

... e não nos sabe tão bem mergulhar a mão na margem de uma corrente de água e ficar ali somente a senti-la passar?!...


segunda-feira, 8 de dezembro de 2014






a poucos dias de fazer 1 ano chegou o dia de voltar ao tão esperado Trail dos Casais da S.. As mãos geladas que conduziram o volante do carro ao destino contrastavam com o sol radioso e quentinho que o dia prometia. "Está um dia espetacular" era o que os meus olhos me diziam. Já poucos lugares haviam onde estacionar, a festa estava a começar. Entramos para o pátio e para a casa com um à vontade tão grande só justificável pela certeza de sermos bem recebidos. Ainda cá fora reparei que já estava entreaberta a porta da casa da alquimia vínica e licorosa do pai da S. Pensei: "Já?!!" e foi a sorrir que entrei... no pátio, claro! Entre um café das velhas e umas fatias de bolinho para reforçar as calorias ansiosas por serem gastas, aguardamos pelos que faltavam, incluindo os que se dispuseram a sair da cidade a correr para a Casa C. Uma especie de aquecimento com 17 km. Foi o tempo de os deixar recuperar o fôlego e lá nos ajeitamos para a fotografia da praxe. Depois começou o trail com tudo a correr por ali abaixo. Nos primeiros quilómetros ficamos dispersos o suficiente para que a distração com a paisagem e com a companhia não nos permitisse aperceber que nos perdemos durante 1,5 km sem fitas. Voltamos para trás e para variar nestas coisas parece que o regresso é sempre a subir.... Encontrado o ponto certo de viragem seguimos de forma mais coesa para que dos perdidos não ficasse mais nenhum para trás e havias fortes possibilidades de sermos os últimos. O percurso estava bem marcado, pelo que dali para a frente já não houve mais desatenções e entre conversas lá fomos trilhando caminho pelos Casais da Charneca. Fomos a um ritmo confortável para quem como eu, gosta de ir a desfrutar da paisagem, revendo vistas conhecidas e descobrindo novas passagens. Soube bem o abastecimento junto ao tanque de água natural, é o enquadramento perfeito para matar a sede e comer uma laranjinha. Depois da travessia do "paraíso", onde a natureza se encarregou de criar um microclima de frescura e um ambiente inspirador às histórias de elfos regressamos aos cabeços e ao moinho onde a vista não corta respiração mas aumenta os tempos entre inspiração e expiração para encher o pulmões de coragem a sair dali.
A partir dali já não faltava muito para acabar os 16km e confesso que até estava com pena... para o ano S. bota mais quilómetros nisso ;)! O grupo Lost (SB, JA, PB, JC e moi) continuou ainda no sobe e desce do relevo e quase a chegar houve uma baixa feminina provocada por dores do oficio que não tardou a ser resgatada para onde a festa nos esperava. Não me lembro se já cheirava a carne assada quando entrei, mas o salame de chocolate não escapou à minha passagem na mesa dos bolos. Depois fui mudar para a roupinha confortável, que este ano já fui prevenida para o frio-que-vem-com-a-noite-e-que-não-queremos-que-nos-tire-a-vontade-de-estar-presentes. Comecei a almoçarada pela bela da sopinha, passei para o arroz de feijão e carnita pouca que os doces chamam por mim e a mouse de lima soube a pouco ;). Ainda não estaria nem a meio da digestão quando me aproximei do carrinho dos licores, o famoso, não para beber mas para esclarecer com o pai da S. o que era suposto fazer a seguir com os que tenho em infusão há quase um ano. Duvidas tiradas lá bebi o preferido de Casca de Noz e depois fui à prova dos abafados na casa mágica com a hospitalidade de quem tem gosto em partilhar e eu coragem para me conter! Uma vez a esta porta aberta passamos para a fase seguinte de provas, de cantigas e de reconhecimento a quem tão bem nos recebe. As horas voaram e o pôr-do-sol levaria todos novamente para junto do assador... 

Obrigada novamente à família C. (pai, mãe e filha) por nos proporcionar mais este trail convívio com sabor a Natal e Família... as lágrimas não são só nos vossos olhos ;)
Até para o ano!!


quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014



comentou que sempre ouviu dizer que quando se entra numa igreja pela primeira vez devemos pedir três desejos/graças. Eu lembrei-me logo da quantidade que igrejas que visitei em Roma, quantos desejos desperdiçados. Ou  não. Bem vistas as coisas, cada uma delas deu forma a um desejo que levou tão pouco tempo a ser realizado, que a falta de luta para o alcançar quase lhe tira estatuto de sonho. Depois dei-me conta que, se da primeira vez fui à cidade das igrejas, da segunda fui à cidade das mesquitas, e quem sabe não valeria também cada uma das que visitei mais uns desejos e novamente foram tantos os ficaram por pedir mas algum proveito devo ter tirado da energia que encontrei em cada uma, acreditando que boa energia atrai mais boa energia.
e hoje pouco depois de todos estes pensamentos, sob o tecto do Santuário dos Senhor dos Milagres formalizei então os meus três desejos...

                            *                *               *


domingo, 30 de novembro de 2014



uma bolota na mão, um par de ténis sujos de lama nos pés e a alma lavada para o resto da semana.
não deixo de me surpreender mesmo às portas de casa. as linhas de água (trilhos) são como as linhas da mão, há sempre mais uma que ainda não conhecemos.


sábado, 29 de novembro de 2014



como a noite amanhece, qualquer santo enlouquece... 
(do poema Espaço impossível do Tiago Bettencourt)


e eu fui fotossintetizar para a subida que está cortada ao trânsito, aproveitar o oxigénio a plenos pulmões entre outras liberdades da vida...




quarta-feira, 26 de novembro de 2014





pouco antes da hora do almoço eis que ele chega, o farnel, pela mão do pai, que foi levá-lo a minha casa ainda quentinho, acabadinho de cozinhar... apesar de eu não ser aquele bom garfo, nem uma grande apreciadora de comida, soube bem, só coisinhas boas, feitas do jeito que lhe é característico, com aquele aspecto e sabor que se reconhece no tempo...




ainda do fim-de-semana

- Ah, já estávamos à sua espera... e já tem ali a sua mesa guardada.

pode ser este um momento alto na vida de uma pessoa, a bibliotecária não só sabia que era eu que estava para chegar, como sabia qual a minha mesa favorita... e guardou-ma...


segunda-feira, 24 de novembro de 2014

domingo, 23 de novembro de 2014



três dias, chamei-os de atípicos, rir, chorar, correr, e pensar muito, e dizer muito pouco do melhor que sinto... deixar serenar, não para esquecer, mas porque a distancia clarifica vou esperar para ver...








Ontem vi a Alice... mas podia começar dizendo que "há poucos dias lembrei-me da Alice".
A Alice é daquelas pessoas que fazem parte da nossa vida por um longo tempo e depois deixamos de ver e sobre as quais não fazemos a minima ideia do que aconteceu. E quando nos lembramos delas tudo o que temos são boas recordações. A Alice era a senhora da livraria/papelaria onde comprei a mala para a escola primária, a mala para a preparatória e a mala do inicio da secundária, onde mandava guardar os livros escolares, onde comprava o papel para os forrar, os cadernos, os dossiers e as canetas, onde eram comprados os brinquedos de Natal. Onde eu passava horas agachada a olhar para as vitrines e a sonhar. Onde descia o degrau para o patamar inferior e  fixava o colorido das lombadas dos livros ou as caixas de jogos em cartão. Onde todos os anos admirava a montra das barriguitas e não morria de amores pela boneca Darling com os seus pés chatos. Onde na arrecadação havia um canto de uma prateleira de ferro que tinha uma etiqueta que dizia "Rosa" e onde se guardava aquilo que levaríamos mais tarde, .... como as prendas de natal, as dos outros e as minhas, aquelas que eu escolhia e depois ficavam lá à minha espera até eu as puder abrir na noite em que se transformavam nos meus meninos Jesus... onde um dia, arrojadamente, decidi comprar o estojo das canetas, que ainda trago comigo, com 600$00 do meu mealheiro. A Alice, que era amiga da cliente, da minha mãe, e que me emprestou a máquina fotográfica para levar à viagem da República Checa e logo depois à viagem de finalistas a Albufeira do 12º ano. A Alice da Livraria/Papelaria Progresso que fechou há muito e sobre quem eu nunca mais falei e não tinha a quem perguntar. Se há dias me perguntava o que seria feito dela, ontem vi-a a poucos metros de onde passamos tantas horas juntas e num impulso dirigi-me a ela e disse-lhe: Olá..., não me está a conhecer?...


sábado, 22 de novembro de 2014



ao minuto 1:51 lá vou eu e a VF para que ninguém tenha dúvidas!! nem nós!!

como se diz: BRUTAL...


quinta-feira, 20 de novembro de 2014



para desligar: primeiro é o borne positivo (+) e depois o negativo (-)
quando for para ligar: é o inverso, primeiro o negativo (-) e depois o positivo (+)
nunca se sabe quando é que precisamos de trocar uma bateria. Agora estou convencida que já não me esqueço mas amanhã quando me levantar provavelmente já vou ter umas dúvidas e depois de amanhã já terei esquecido e qualquer uma das versões, me parecerá lógica. Se formos a ver bem nem têm lógica nenhuma, pois na verdade o negativo devia era andar sempre desligado. Em todo o caso, pelo menos para ligar, manda que seja o positivo em ultimo e isso de alguma forma deixa-me com esperança...


segunda-feira, 17 de novembro de 2014



... e não sou eu que digo que quando saio de casa para correr "eu vou e quando regresso a casa o meu mundo está mais descomplicado"...?


sou. e hoje ao final da noite o que me fez mesmo falta foi sair para correr, porque às vezes, por pouco tempo que seja, podem-nos fazer esquecer dos nossos propósitos, ao ponto de nem nos lembrarmos que os temos, mas se não fui "salva" pela corrida, nem pelo desabafo, fui novamente resgatada para aquela que quero que seja a minha verdade por estas palavras descomplicadas . muito bom!!




começar a semana a plantar amores-perfeitos e a escutar esta  

é de deixar uma rapariga assim:



quinta-feira, 13 de novembro de 2014





Chuva no mar

Coisas transformam-se em mim,
É como chuva no mar,
Se desmancha assim em
Ondas a me atravessar,
Um corpo sopro no ar
Com um nome p’ra chamar,
É só alguém batizar,
Nome p’ra chamar de
Nuvem, vidraça, varal,
Asa, desejo, quintal,
O horizonte lá longe,
Tudo o que o olho alcançar
E o que ninguém escutar,
Te invade sem parar,
Te transforma sem ninguém notar,
Frases, vozes, cores,
Ondas, frequências, sinais,
O mundo é grande demais.

Coisas transformam-se em mim,
Por todo o mundo é assim.
Isso nunca vai ter fim.



terça-feira, 11 de novembro de 2014


a falta de foto resolveu-se com 3 minutos no paint

não resisti à abstinência imposta e corri...
corri do carro mal estacionado para a carripana azul das castanhas e depois foi a loucura... com um cartucho de meia-dúzia de castanhas, voltei a correr da carripana para o meu carro, totalizando uns 90 metros. Entro no carro a rir, de tamanha ousadia, pondo logo carro a trabalhar ligo o rádio em simultâneo... e qual a musica que estava a passar?! A "Morena", essa que me fez companhia durante a maratona... sorri mais um pouco e é claro que saí dali a cantar e a carregar no pedal para ver se as castanhas chegavam quentinhas a casa da avó Maria. Chegaram mornas, mas aqueceram mais o coração do que chá de limão que bebemos para acompanhar e do que o calor da lenha que ardia na lareira.


domingo, 9 de novembro de 2014




Maratona do Porto, a aventura da primeira maratona...
Assisti a algumas na televisão, confortavelmente sentada, mas desta, foi a minha vez de calçar os ténis e sair de casa para correr uma maratona, a Maratona do Porto.
Algures no início do ano ouvi os SNR falarem desta maratona e senti vontade de arriscar. A primeira motivação foi por ser no Porto, esta minha genética “scalabinhota” é de corpo e alma e fazia todo o sentido estrear-me numa maratona no norte, mais do que em qualquer outra parte do mundo.
Depois também gostei da data de realização da prova, prometia-me tempo moderado a fresco e isso seria ingrediente essencial para correr com satisfação, (é para qualquer que seja a distância).
Houve ainda mais argumentos pessoais que me motivaram e reforçaram o desejo de participar. Estavam as minhas ideias em banho-maria, de lume muito brando, quando do nada, a V.F., me lança o desafio “Ana não te queres inscrever na maratona do Porto… para irmos as duas?”, “Quero” pensei eu, mas “Aaah, não sei…” foi o que respondi. Durante duas ou três semanas insistiu e eu continuei “Aaah, não sei… mas tu achas?”. Na verdade eu queria, mas tinha dúvidas se seria capaz. Em 97 convidei umas amigas para correr junto à escola G. M. na tentativa de encontrar alguém que gostasse de correr para me fazer companhia, já que tinha vergonha de andar de fato de treino na rua. Desse grupo, 3 eram mais rápidas mas depressa se sentaram à espera que eu e outra parássemos de andar ali às voltas. Por fim concluí que eu não tinha velocidade mas tinha resistência. E depois deste episódio foi sempre o que tive e tenho em mente de cada vez que saio para correr. Por desconfiar que seria capaz de resistir a 42km, um dia informei a V.F. que já tinha a inscrição feita. Confesso que na mesma manhã em que o B. publicou no FB a primeira lista de inscritos para a prova sublinhando a minha inscrição, estava a equacionar desistir para trocar pelo trail da Serra de Arga, mas os comentários de incentivo fizeram-me retroceder e no inicio de Julho iniciaram-se os treinos. 
A palavra “treino” com o respectivo significado desportivo estava banida do meu vocabulário e teve os seus dias de glória nestes últimos tempos. Se estava longe da meta, mais longe estava de pensar em tudo o que se passou ao longo destes meses. Foi escolhido um plano de treinos e posto em prática (com os respectivos ajustes). A nós juntou-se também o Gentleman D.S.. Entre os três, foram sempre pacíficas, quer as combinações, quer as alterações de última hora. Cada cabeça sua sentença, mas foi sempre com desportivismo que acabámos por ceder para que todos ficassem bem e os nossos objectivos cumpridos. Podem não ter sido treinos técnicos e específicos mas a verdade é que estávamos todos sintonizados na vontade de concluir uma maratona e de o fazermos com uma postura responsável e ao mesmo tempo descontraída. Havia que cumprir o básico para preparar o corpo, colocar km nas pernas, fazer séries, rampas e escadas para complementar. Para a semana ficou o sortido e para o fim-de-semana o treino longo. Aos nossos treinos juntaram-se muitos outros amigos das corridas, que fizeram com que estes dias não se tornassem monótonos e chatos. Para mim foi tudo um desafio, a começar nas séries, das quais não aprendi a gostar, cansam-me muito e fico com vontade de ir correr depois, só para descontrair do stress que me causam! Já umas rampas, são capazes de me fazerem sair de casa com mais vontade e quanto às escadas o sentimento é uma coisa que se fica pelo “gosto assim-assim”. Depois de experimentar tudo isto e dos primeiros treinos longos (progressivos até aos primeiros 21/22km de estrada), fui assaltada pelas dores. Dores nos pés, nas pernas, nos músculos, nos tendões, eu sei lá, uma catadupa de me dar dores de cabeça, simbolicamente falando (felizmente). Foi assim que passei a ter uns bibelots novos cá em casa, foram eles, uma ligadura elástica, uma embalagem de pomada anti-inflamatória, uma bolsa de gel frio e celofane, o típico kit de emergência de prevenir lesões. Às vezes tinha dores novas de dois em dois dias e queixava-me sempre “Ai, doí-me aqui e acolá e …” outras vezes não me doía nada, como depois do primeiro treino longo de 30km. Tive muitas vezes as minhas “dores do costume” mas no dia da prova nem sombra das mesmas :). Quanto a comprimidos só tomei 6 anti-inflamatórios, 3 para tirar dores de um torcicolo que fiz ao lavar os dentes (numa manhã antes de sair de casa para um treino) e 3 na semana antes da prova, para tentar tirar uma dor insistente na sola dos pés. O fast-recovery no final dos treinos longos ajudou a contrariar a fraqueza provocada pelos mesmos. 
Foi nos treinos longos que concentrei mais as minhas expectativas e confiança para a minha prestação na maratona. O meu agradecimento ao R.S. (esteve no primeiro c/ o D.S 18km), à P. (por todos os que fez connosco e pelo de 26km só comigo) ao D.S (por todos em que esteve presente, e em particular pelos de 33km e 31km que fez só comigo), um agradecimento especial (com muitos km) à V.F (por todos, a maioria, que fizemos juntas) e a todos os SNR que numa ou outra ocasião também estiveram presentes sem esquecer o centro de estágio  da tapada, e os maratonistas experientes com os seus concelhos e incentivos. Basicamente foram 4 meses a correr atrás da V.F. que aquela mulher é nonstop, às vezes, quando eu ia mais em esforço só pensava que no dia 2 de Novembro não teria de correr mais atrás dela :P. 
Entretanto constatei que o meu principal progresso não se dava nas pernas mas nos pulmões, pois dei por mim a correr e a conversar desalmadamente. Finalmente conseguia fazer as duas coisas ao mesmo tempo, o que me tornou uma corredora muito mais sociável, com a devida excepção para subidas e rectas da meta. Somei uns mui modestos 1340km (aprox.) em quatro meses de treino.
Finalmente chegou a véspera do dia da corrida e em boa companhia e disposição seguimos para o Porto. Na viagem senti que ia para o verdadeiro desconhecido e a ignorância permitiu-me assim um estado de tranquilidade um pouco estranha. Depois do check-in no hotel e de colocar logo algumas coisas a jeito para a manhã seguinte ainda ingeri mais uns hidratos de carbono para as reservas energéticas. Aliás, há dias que vinha a ingerir bananas e batata-doce em doses extra. À noite fomos até ao mercado da ribeira para jantar e nos juntarmos aos restantes elementos da equipa e enquanto uns se empanturravam nas massas, eu àquela hora eu já não consegui meter nada no estomago. À noite adormeci à conversa com a minha colega de quarto a A.D., que não sendo da minha equipa, também ia fazer a sua 2ª maratona e tinha grande expectactivas em relação ao tempo de prova. Já a mim, o que me preocupava mais era o tempo climatérico, o ideal seria sem chuva e sem calor. Ela colocou o relógio a despertar um pouco mais cedo do que era necessário e aproveitando despachei-me e desci para tomar o pequeno-almoço que eu própria levei, pois queria a segurança psicológica que me dava comer o que estava habituada. E não fomos as primeiras a chegar. A sala de refeições estava cheia de outros atletas já semi-equipados que enchiam o tabuleiro de mais alimentos energéticos. Com um ou outro cruzei aquele olhar de cumplicidade com um sorriso à mistura de “ai, ai, o que nos espera…”. Subimos e lamentei não ter levado um livrito para justificar o tempo que passei na casa de banho à espera…. Convém uma pessoa sair de casa já despachada de tudo. Antes de descermos à hora combinada, houve aquele momento de frio na barriga e de revisão. Tinha o corpo, a roupa, os ténis, o dorsal, o cinto com os boiões de isotónico e o mp3 com a única música que iria a tocar em modo repeat (60 vezes). Durante os treinos as músicas tinham sido outras, umas que me mantinham com estado de espírito desperto. Para a maratona decidi-me por uma que já tinha levado para uma prova onde tinha feito um bom tempo, e como se diz “em equipa que ganha não se mexe” e a escolha recaiu na “Morena” do Tiago Bettencourt e se a morena não corre para ele quando a chama, é porque ele não está a chamar pela morena certa, pois eu cá farto-me de correr e se ele me aparecesse à frente era morena para parar, logo agora que tenho este bronze de um verão a correr de calções ;p. À porta do hotel estava um taxi para levar 8 bem-dispostos para a prova e foi a “estontejar” que fomos sempre na risota. Chegados ao local de partida e de mais uma visita à casa de banho de um tasco, tirámos as fotos de grupo da praxe com os que estavam presentes. Além dos 16 que iam à maratona haviam outros que iam fazer os 17km da family race. A armada de SNR no Porto era grande mas naquela manhã estavam dispersos por ali, até porque íamos partir de grelhas diferentes consoante os tempos que esperávamos fazer. Ainda fomos uma ultima vez para a fila da casa de banho de uma estação de serviço, onde eu e muitos dos presentes nos podemos rir com os disparates que a V.F. dizia em forma de enxurrada, os nervos devem lhe dar para aquilo e nós agradecemos!! Depois do último xixizinho eu, a V.F. e o D.S. posicionamo-nos atrás do pacemaker dos balões das 3:45. Ali encostadinhos uns aos outros para contrariar o frio que se fazia sentir (eu de manga cava, calções e cabelos ao vento) dei por mim a observar os atletas à nossa volta, como um casal de franceses na casa dos 60 anos :) e outros que olhavam sorridentes e até a piscar o olho como quem nos deseja boa sorte. Às tantas ligo o mp3 e a V.F. cumprimenta-me a mim e ao D.S. e desejando-nos boa sorte. Naquele momento, como agora, senti as lagrimas a correrem. Senti a pressão de todos os dias que treinei para estar ali, a satisfação de estar com dois amigos que me tinham acompanhado e incentivado e com os quais passei muito tempo. A pressão que aquele momento era o princípio do fim daqueles 4 meses e que a partir dali estava por minha conta e risco. Começaria a correr e só dali a 42,195km, em aproximadamente 4 horas é que pararia. Dos mais experientes ouvi que o momento mais emocionante era a chegada mas tinha dificuldade em imaginar algo mais emocionante do que a partida. E foi com lágrimas a serem contidas e um nó na garganta que dei os primeiros passinhos de bebé após o sinal de partida, olhando para os meus amigos e desejando-nos o melhor. 
Depois de uma ligeira descida viria a primeira subida e era um mar de corredores para a frente e a para trás. “que loucos somos” pensei. Tinha um apetrecho extra, um relógio emprestado por uma amiga das corridas (S.V.) que me mostrava a velocidade instantânea. Foi a primeira fez que usei relógio e reconheço que para uma prova daquela distância ajuda bastante na gestão do tempo/esforço tornando-a muito mais consciente. Desta forma controlei a velocidade junto dos meus amigos não nos deixando disparar atrás daquela enxurrada e esgotando as nossas energia de forma prematura. Ainda assim corríamos acima do esperado porque nos estávamos a sentir todos bem. Ao km 10 o D.S. despediu-se de mim e da V.F. com um aperto de mão e continuou num passo mais alargado. Entretanto nós mantivemos o ritmo e não nos faltava companhia pois eram muitos os atletas em prova e de diferentes nacionalidades, algumas vezes senti que tanta gente atrapalhava um pouco o andamento, pois tínhamos de procurar espacinhos para puder ultrapassar. A caminho de Matozinhos num dos retornos, eu que acho que ficar a ver quem passa me faz distrair e abrandar, desta vez qual quê, com a V.F. ao comando e a vontade de ver caras conhecidas tive que compatibilizar as coisas e dar ao chinelo. Foi com grande satisfação que quer eu, quer ela procuramos sempre ver um dos nossos para dar uma força. De certa forma também nos ajudava a nós. Digam lá que não nos viram quase sempre bem-dispostas. Cheguei a comentar com a V.F. que quem fosse atrás de nós devia pensar que fomos para ali só para dizer adeus, tantos eram os SNR´s em prova. Até dançamos o vira e tudo (olha V.F. se isto não era para contar… já fostes). O último que procurávamos era o nosso D.S. e certificarmo-nos que ele ia a todo o gás. A verdade é que iam sempre todos com uma carita de sofrimento empenhados em despachar aquilo o mais depressa possível. Recordo-me de entrar na foz do Douro e aquela paisagem de praia, mar e ondas merecer mais um jogging para a apreciar do que o ritmo a que seguíamos, contudo havia que continuar. Nos abastecimentos de 5 em 5km nunca parámos, a V.F. ia buscar 2 garrafas de água, uma para ela, outra para mim e entre as duas lá nos ajudávamos para beber e reabastecer com os nossos isotónicos. Percorrendo as margens do rio Douro comecei a sentir alguma quebra psicológica pois nunca mais avistava a ponte D. Luís I que havíamos de atravessar. Quando finalmente a avistei, não tardaria a fazer aquela dolorosa subida da zona ribeirinha que a antecede. A mais de meio da ponte, senti-me um pouco estranha e disse “Ai V. que não me estou a sentir bem…” e à pergunta do que estava a sentir, respondi que sentia como se o corpo tivesse a levitar e que me estava a passar uma coisa pela vista, seria a ponte a mexer, a dita "parede" ou o homem da marreta?! Temi os dois ultimos mas a V.F. mandou-me fixar o chão e assim que saímos da ponte aquilo passou-me. Essa parte do percurso também era um retorno e seguíamos no mesmo jogo de tentar ver os outros SNR e dar-lhe uma força. Depois do nosso próprio retorno a V.F. arranjou outra motivação para nos distrairmos e colocar as minhas perninhas, que estavam a ficar preguiçosas, a mexer. Veio o momento cerelac, “papar” o da t-shirt cor de… , a da saia não-se-o-quê, o Tom Sawyer e por aí a fora,  enfim tentar “papar”  atletas o máximo possível, para subir lugares e ter incentivo para andar mais depressa, ora agora escolhes tu, ora agora escolho eu, e na aproximação, …3, 2, 1 GLUP já está, NEEEXT!! Quase que parei com vontade de rir!! Com isto, não só ultrapassamos os alvos, como muitos outros ao longo destes últimos km, os mesmos em que eu ia a sofrer, pois não conseguia que as pernas andassem mais depressa. Quando forçava doíam-me de tal maneira que temia ter de parar de repente. Mas a V.F. lá seguia “Bora Ana…” “Esquece as dores…” “Bora Ana…” “não te dói nada…”…parecia um disco riscado… disse-lhe que seguisse mais depressa e ela: “olha, chama-me nomes mas… MEXE AS PERNAS…” Não tive vontade de lhe bater, nem a mandei à m£&%$@ em pensamento como sugeriu, mas só porque estava fazer contas de cabeça :), a suportar as dores :( e a ver os minutos a passar no relógio :o… e continuávamos a ultrapassar atletas, uns a correr, outros já a caminhar. Faltavam 2km tive um pico de energia que foi sol de pouca dura e quando devia faltar 1km encontro na rotunda o meu amigo das viagens, o R., que não só me incentivou como me acompanhou durante uns metros (tinha feito a family race 17km). Nem dei pelo início da última subida, foi muito boa surpresa apesar de eu não ter falado muito (logo agora que eu já sei fazer as duas coisas ao mesmo tempo). Aquela subida parecia que nunca mais acabava. Perguntei (à do costume) se o final era no pórtico laranja ao que ela respondeu que sim, mas era mentira, aquilo afinal era uma passagem para outra dimensão a dos 0,195 km. A partir dali não vi nada, apenas ouvi, gritos de incentivo, palmas, pessoas a bater nas baias e depois de atravessarmos, finalmente, a meta ao mesmo tempo foi o silêncio, a dor e a satisfação de ver no cronómetro que tínhamos alcançado aquilo que desejávamos fazer, chegar antes das 4 horas e com um sorriso na cara.
Missão cumprida e comprida. Cheguei empenada à meta mas com energia para ainda cumprimentar os amigos que nos esperavam e que nos levariam para o nosso hotel, onde tomaríamos o desejado banhinho revigorante, ligar ao pai, à avó e a mais alguém a contar que já estava feita. Depois aconteceu tudo de forma rápida e não tardaria a juntar-me aos restantes SNR para um convívio na Mealhada. Às 21h entrava novamente em casa e aí sim voltei a ter a real noção do que conseguimos… 3h56
Conseguimos Vanda Fernandes!!!
Conseguimos acabar e chegar antes das 3h59. A V.F. se me tivesse deixado para trás teria feito um melhor tempo e eu um pior, assim ficámos ali no meio-termo. Consegui o mais importante, esta experiencia na prova a duas. Foi formidável quer pela gestão de esforço físico quer pelo companheirismo que vou recordar sempre com um sorriso, porque me correu bem desde o dia em que me inscrevi! Sorrir do início ao fim da prova, ter mais vontade de chorar no início e ao recordar o mesmo, como o ponto alto destes 4 meses, talvez por ser o derradeiro princípio do fim desta jornada sobre a qual pairava a grande incógnita da concretização. Pensar que na meta não contaria com aquela cara que vibraria de coração com a minha chegada mas saber que estaria a olhar por mim e a ver-me fazer o melhor que sei. Só pedi que me acompanhasse. E porque a história se repete, estivemos as duas acompanhadas da mesma forma. Fazer uma coisa com a qual nem sequer sonhava, e afirmar que o faço na “desportiva”. 42,195km na “desportiva”… se é na desportiva será que não me chega a voltinha e 7/8 km que fiz durante muitos anos?! Claro que chega, para a cabeça é o melhor remédio, enquanto vou e venho o mundo descomplica-se, é por isso que agora depois de acabar de escrever este texto gostava de ir ali “deixar cair o pé” que é no fundo o meu maior objectivo, a primeira corrida a partir de casa depois da maratona, mas não posso. Um dia depois da prova estava optima, dois dias depois caiu sobre mim aquilo a que clinicamente o médico chamou de overuse, neste caso, da sola dos pés. Doem-me em particular a do pé esquerdo. Agora há que descansar mais uns dias e retomar recuperada para voltar a uma das coisas que mais gosto de fazer.


Obrigada Vanda FERNANDES por tudo! ;)

Geral: 2275º de 4042
Escalão: 32
Fem:



sábado, 8 de novembro de 2014



sábado de manhã...


finalmente a descansar da maratona e principalmente da semana cansativa a seguir à maratona. Descanso natural e descanso induzido por anti-inflamatório (para aliviar a dor que entretanto apareceu num dos pés...) e a escrever o meu resumo da prova.


domingo, 2 de novembro de 2014


Maratona do Porto
concluída com sucesso!!




post agendado para as 9H00 de domingo
lá vamos nós depois de 4 meses a treinar...

Força para nós e para toda a armada SNR!!


sexta-feira, 31 de outubro de 2014




segundo pequeno almoço de hoje

"Sou feliz porque percebi que a felicidade é acima de tudo uma atitude na vida. Sobretudo, uma atitude de honestidade, gratidão e humildade." de José Micard


quinta-feira, 30 de outubro de 2014



estou nerbosa e bou ali correr a pisar obos só para descontrair e certificar-me que ainda sei colocar um pé à frente do outro...


segunda-feira, 27 de outubro de 2014




e com a mudança da hora sinto falta da claridade. Em casa. E no que isso se reflete em mim.
As noites tardias chegam-me para apreciar o seu encanto. E estes dias curtos encurtam-me a energia que me traz a luz do dia...
e à luz do dia.


domingo, 26 de outubro de 2014





esta semana trouxe da grande metrópole (e não da ruralidade!) 2 figos-da-índia. Têm um sabor muito suave e uma consistência que me agrada. Agora quando for andar de bicicleta e passar pelo grande cacto vou olhá-lo menos curiosa mas a vontade de ir lá apanhar um fruto (ou mais) vai manter-se ;).

de Lisboa e a 2 minutos de apanhar/perder o comboio trouxe também um elogio do senhor da bilheteira. Apesar da minha pressa quis saber a minha idade e eu meio atrapalhada respondi sem perceber o propósito da pergunta. Ele efetivando o pagamento, informou-me que pensou que eu ainda tivesse direito a um desconto que é até aos 25 anos... disse que me dava menos... com isto, deu-me outro fôlego para correr até à carruagem.