“(...) A Imagem só pode entrar na corrente da consciência se for ela própria síntese e não elemento. Não há, não pode haver imagens dentro da consciência. Mas a imagem é um certo tipo de consciência. A imagem é um acto e não uma coisa. A imagem é consciência de alguma coisa.” in "A Imaginação" de Jean-Paul Sartre
quinta-feira, 31 de maio de 2007
quarta-feira, 30 de maio de 2007
Vida: Parece que estás com vontade de falar?
Eu: Queria falar muito, esgotar as palavras que trago retidas no pensamento. Um pensamento feito de palavras como o pântano de areias movediças, pelas quais escorregamos e nos detemos. Sozinhos sem volta. Esgotar-me até não sobrar uma única letra e disso não ter consciência. Deito-me hoje com esta vontade já batida, depois de redescobrir que um conjunto de circunstâncias mais reais na minha vida, me facilita o processo doloroso em que pode consistir acto de imaginar. Imaginar, como quem diz… vestir a pele de alguém…
Eu: Queria falar muito, esgotar as palavras que trago retidas no pensamento. Um pensamento feito de palavras como o pântano de areias movediças, pelas quais escorregamos e nos detemos. Sozinhos sem volta. Esgotar-me até não sobrar uma única letra e disso não ter consciência. Deito-me hoje com esta vontade já batida, depois de redescobrir que um conjunto de circunstâncias mais reais na minha vida, me facilita o processo doloroso em que pode consistir acto de imaginar. Imaginar, como quem diz… vestir a pele de alguém…
segunda-feira, 28 de maio de 2007
sábado, 26 de maio de 2007
capitão romance (margarida pinto; ornatos violeta) aqui
não vou procurar quem espero
se o que quero é navegar
pelo tamanho das ondas
conto não voltar
parto rumo à primavera
que em meu fundo se escondeu
esqueço tudo do que sou capaz
hoje o mar sou eu
esperam-me ondas que persistem
nunca param de bater
esperam-me homens que desistem
antes de morrer
por querer mais que a vida
sou a sombra do que sou
e ao fim não toquei em nada
do que em mim tocou
eu vi...
mas não agarrei
eu vi...
mas não agarrei
eu vi...
mas não agarrei
eu vi...
mas não agarrei...
parto rumo à maravilha
rumo à dor que houver pra vir
se eu encontrar uma ilha
paro pra sentir
e dar sentido à viagem
pra sentir que eu sou capaz
se o meu peito diz coragem
volto a partir em paz
eu vi...
mas não agarrei
eu vi...
mas não agarrei
eu vi...
mas não agarrei
eu vi...
mas não agarrei
eu vi...
eu vi...
eu vi...
mas não agarrei…
não vou procurar quem espero
se o que quero é navegar
pelo tamanho das ondas
conto não voltar
parto rumo à primavera
que em meu fundo se escondeu
esqueço tudo do que sou capaz
hoje o mar sou eu
esperam-me ondas que persistem
nunca param de bater
esperam-me homens que desistem
antes de morrer
por querer mais que a vida
sou a sombra do que sou
e ao fim não toquei em nada
do que em mim tocou
eu vi...
mas não agarrei
eu vi...
mas não agarrei
eu vi...
mas não agarrei
eu vi...
mas não agarrei...
parto rumo à maravilha
rumo à dor que houver pra vir
se eu encontrar uma ilha
paro pra sentir
e dar sentido à viagem
pra sentir que eu sou capaz
se o meu peito diz coragem
volto a partir em paz
eu vi...
mas não agarrei
eu vi...
mas não agarrei
eu vi...
mas não agarrei
eu vi...
mas não agarrei
eu vi...
eu vi...
eu vi...
mas não agarrei…
quarta-feira, 23 de maio de 2007
Primavera – A estrela diurna passa tangente ao verde que revela a paleta da mão natureza. Observo. Inspiro. O meu peito adsorve este espectro visível. Suplemento de que lentamente sacio todos os sentidos.
Verão – De olhos semi-cerrados procuro um tronco circunscrito pela sombra da densa folhagem em que me abrigo. Observo. Inspiro. Descubro pés de corpos que ainda na fase de pupa saem das suas crisálidas.
Outono – Caem a meus pés tapetes, estaladiços ao meu pisar. Observo. Inspiro. Rodopiam com o meu cabelo num movimento dessincronizado dessa massa de ar que, que tal como eu, não sabe para onde vai.
Inverno – Vapor aromatizado que num bailado helicoidal se liberta de dentro da minha caneca. Observo. Inspiro. A desordem provocada por um assopro decresce a entropia da poção mágica que aumentará a minha enquanto embatem gotas no vidro da minha janela.
Verão – De olhos semi-cerrados procuro um tronco circunscrito pela sombra da densa folhagem em que me abrigo. Observo. Inspiro. Descubro pés de corpos que ainda na fase de pupa saem das suas crisálidas.
Outono – Caem a meus pés tapetes, estaladiços ao meu pisar. Observo. Inspiro. Rodopiam com o meu cabelo num movimento dessincronizado dessa massa de ar que, que tal como eu, não sabe para onde vai.
Inverno – Vapor aromatizado que num bailado helicoidal se liberta de dentro da minha caneca. Observo. Inspiro. A desordem provocada por um assopro decresce a entropia da poção mágica que aumentará a minha enquanto embatem gotas no vidro da minha janela.
sexta-feira, 11 de maio de 2007
segunda-feira, 7 de maio de 2007
sábado, 5 de maio de 2007
Da Aurora Até o Luar
Arnaldo Antunes
Composição: Arnaldo Antunes / Dadi Carvalho
Quando você for dormir
Não se esqueça de lembrar
Tudo que aconteceu
Da aurora até o luar
Olho de janela
Nuvem de algodão
Pele de flanela
Sopa de vulcão
Borda de caneca
Bola de papel
Ferro na boneca
Lágrima de mel
Toda noite lembra o que aconteceu de dia
Sonha para o sono vir
Quando você for dormir
Quando você se deitar
Deixa o pensamento ir
Sem ter nunca que voltar
Música vermelha
Pássaro de flor
Chuva sobre a telha
Beijo de vapor
Riso no escuro
Lua de beber
Voz detrás do muro
Medo de morrer
Toda noite cria o que acontecerá de dia
Para o novo dia vir
Arnaldo Antunes
Composição: Arnaldo Antunes / Dadi Carvalho
Quando você for dormir
Não se esqueça de lembrar
Tudo que aconteceu
Da aurora até o luar
Olho de janela
Nuvem de algodão
Pele de flanela
Sopa de vulcão
Borda de caneca
Bola de papel
Ferro na boneca
Lágrima de mel
Toda noite lembra o que aconteceu de dia
Sonha para o sono vir
Quando você for dormir
Quando você se deitar
Deixa o pensamento ir
Sem ter nunca que voltar
Música vermelha
Pássaro de flor
Chuva sobre a telha
Beijo de vapor
Riso no escuro
Lua de beber
Voz detrás do muro
Medo de morrer
Toda noite cria o que acontecerá de dia
Para o novo dia vir
“Hoje é um daqueles dias em que me apetecia voar”
“Hoje”… um agora que já devia ter sido e se agora ainda for não será tarde demais…
“é”… uma certeza de ser presente…
“um”… de poucos entre os muitos…
“daqueles”… já conhecidos…
“dias”… momentos ilimitados por ponteiros…
“que”… apresenta a razão da diferença…
“me”… o eu da razão de existir…
“apetecia”… um quer suspenso pela extinção da concretização…
“voar”… suavização para uma vontade de estar noutro sítio por um espírito que se quer elevar…
Abri a porta, estava escuro e pensei “Não consigo ver nada, está muito escuro”. Fui instintivamente com a mão ao interruptor mas não o encontrei. Às escuras, segui em frente, abri as janelas, deixei entrar o azul-escuro da noite e quando me virei já ele havia coberto as paredes revelando esquinas e contornos que me permitiam uma visão tridimensional e pensei “Quanto mais profundo mais escuro”. À medida que avancei o meu corpo escureceu e lá no fundo quando me virei vi no meu peito reflectido o mais escuro dos azuis e pensei “Am I feeling blue?”
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